terça-feira, 10 de agosto de 2010

Situação do aleitamento materno em São Paulo é crítica

Por Rodrigo de Oliveira Andrade e Samuel Antenor
06/08/2010

Pesquisadores do Instituto de Saúde (IS) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), com apoio da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (MS), realizaram, durante a 2ª fase da campanha de multivacinação de 2008, a II Pesquisa de Prevalência do Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal – PPAM/Capitais e DF, a fim de obter dados sobre a situação da prática do aleitamento materno no país. O objetivo do estudo foi analisar a evolução dos indicadores de aleitamento materno (AM) no período de 1999 a 2008, identificar grupos populacionais mais vulneráveis à interrupção do AM e avaliar práticas alimentares saudáveis e não saudáveis. Além de todas as capitais e DF, participaram do estudo mais 200 municípios brasileiros.


A PPAM debruçou-se, também, sobre a influência da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) sobre as taxas de amamentação no país. Para isso, foram analisadas informações das 120.125 crianças incluídas no estudo, sobre seus respectivos hospitais de nascimento, tornando possível identificar que 28,9% delas haviam nascido nesses hospitais. A IHAC foi lançada em 1991 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), junto ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com o objetivo de promover a amamentação nas maternidades e garantir o cumprimento do Código Internacional de Comercialização dos Substitutos do Leite Materno.

Aleitamento materno requer atenção em SP

Dentre as regiões inseridas na pesquisa, a Sudeste foi a que apresentou maior número de municípios envolvidos no inquérito. No caso de São Paulo, 77 municípios participaram da coleta de dados, referente à prevalência de crianças menores de 1 ano que foram amamentadas na 1ª hora de vida. Desses, 49 apresentaram prevalências superiores à média nacional. No entanto, embora o estado São Paulo possua 36 hospitais credenciados na IHAC, mais de 27 municípios paulistas tiveram índices de prevalência de amamentação na 1ª hora de vida inferiores aos da média brasileira (67,7%), incluindo grandes cidades como São Paulo, Campinas e Santos. Para Sonia Venâncio, pesquisadora do Instituto de Saúde e coordenadora do estudo, “é fundamental ampliar o número de hospitais amigos da criança no estado, tendo em vista que estudos nacionais e internacionais têm mostrado o impacto positivo dessa iniciativa sobre os indicadores de amamentação”.

Ao todo, em São Paulo, 62,4% das crianças tiveram o AM na 1ª hora de vida, índice menor que a média nacional, embora percentualmente maior que o encontrado na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, de 2006 – PNDS/2006 (43%). Nacionalmente, no entanto, constatou-se que há maior proporção de crianças menores de um ano amamentadas na 1ª hora de vida entre as que nasceram em HAC (71,9%), quando comparadas àquelas nascidas em maternidades não credenciadas na Iniciativa (65,6%).

No que se refere às práticas de aleitamento materno exclusivo em menores de seis meses no estado de São Paulo, 39,1% das crianças analisadas se alimentaram apenas do leite da mãe. Em 38 municípios paulistas as prevalências foram superiores à média nacional e 39 municípios, incluindo a capital, apresentaram prevalências de AM exclusivo inferiores à prevalência do Brasil (41%), mas superior à média registrada no PNDS de 2006 (39,8%). Quanto à proporção de crianças menores de seis meses amamentadas exclusivamente no dia anterior à pesquisa, verificou-se que, no Brasil, 50% delas nasceram em HAC, enquanto que 46% nasceram em maternidades não credenciadas à Iniciativa. Por fim, em relação ao aleitamento materno em crianças entre 9-12 meses, 59 municípios paulistas apresentaram médias inferiores à prevalência do Brasil. Ainda de acordo com a pesquisa, nos 77 municípios do Estado de São Paulo, 48,75% das crianças entre 9 e 12 meses receberam leite materno. No Brasil, a média foi de 58,74%, sendo a região Norte a apresentar, dentre todas, a melhor situação, com 76,9% das crianças amamentadas nessa faixa etária.
Situação no Brasil

Observou-se que, em todas as regiões do país, as probabilidades de as crianças estarem sendo amamentadas nos primeiros dias de vida são superiores a 90%, com queda mais acentuada após o quarto mês. A análise da situação do Brasil, no que diz respeito à situação do aleitamento materno, de acordo com parâmetros propostos pela OMS, constatou, ainda, que, em relação ao AM na 1ª hora de vida, todas as capitais e Distrito Federal apresentam uma situação considerada “boa”. Já em relação ao aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses, apesar dos avanços do país, 23 capitais ainda se encontram em uma situação considerada “ruim”, segundo a OMS, com apenas 4 capitais em “boa situação”.

Apesar da evidência de uma significativa melhora da situação entre 1999 e 2008, ainda é distante o cumprimento das metas propostas pela OMS e o Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Aleitamento Materno, criada em 1981. Entretanto, de acordo com Venâncio, a comparação dos resultados alcançados a partir da análise dos dados coletados na pesquisa com aqueles provenientes do estudo realizado nas capitais em 1999 poderá fornecer informações importantes para a avaliação das ações de incentivo à amamentação no país, "bem como para o planejamento de estratégias futuras", afirma.

Ação global

“Amamentação: apenas dez passos para um bom começo de vida” foi o tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno 2010, comemorada entre os dias 1 e 7 de agosto. Esta é mais uma das ações que vêm sendo empreendidas com o objetivo de chamar a atenção da população sobre a importância do aleitamento materno. Recentemente, a Unicef divulgou a redução da mortalidade infantil de 13 milhões, em 1990, para 8,8 milhões em 2008, e enfatizou que a diminuição deste número está estritamente relacionada com a adoção de intervenções básicas de saúde, como a do aleitamento materno exclusivo.

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